terça-feira, 14 de maio de 2013

Lapso na Galeria Millan de Felipe Cohen – Greta Rodrigues


Felipe Cohen apresenta a exposição Lapso um conjunto de dez obras que explora a duração temporal de um objeto, o fim e o inicio de uma ação, ou mesmo uma transformação entre materiais e formas. Existem dois significados para a palavra lapso que tem relação direta com os significados de suas obras, um delas é a decorrência temporal e o outro remete a falha ou erro de um processo em relação ao seu padrão, modificação de um certo objeto. O artista utiliza materiais do cotidiano como garrafas, sacolas plásticas que interagem com vitrines, pedaços de mármore e madeira de forma a remontar e ressignificar momentos e situações pela junção entre esses dois contextos.






O trabalho desse artista já era desenvolvido ha algum tempo, em um dos seus textos encontrados na exposição ele diz “A partir da tensão dada pelo conflito de uma tradição da arte, principalmente da escultura, com formas contemporâneas de dispor o objeto” o que está muito presente nessa exposição como por exemplo uma pedra de mármore é construída dentro de um saco plástico ou uma vitrine de vidro e de madeira que sustentam um galho de arvore.





Na peça a cima que chama Resgate as sacolas plásticas são unidas por uma de suas alças e cada parte contêm pedaços cortados de mármore. A disposição dessa sacola remete a palavra lapso onde em um momento existe algo temporal (como se a peça estivesse congelada, um frame) e em um outro momento a falha, o engano (no caso seria a queda). Enquanto uma das peças está sobre a mesa ela da suporte a outra que impede ela de cair, então surge uma união uma transfiguração pelo luto da sobrevivência.



O conjunto da exposição de Felipe Cohen revela que o lapso é ele também, como um simulacro uma copia ou uma reprodução imperfeita. O lapso do artista é estudado, a escola dos filósofos franceses que, em aula, simulavam a naturalidade de um ato falho para efeitos pedagógicos. As obras de Cohen, porém, não buscam ensinar nada mas sim abrem os olhos para as diferentes temporalidades e diferentes usos de cada material. Cohen ainda diz “O lapso –temporal ou psicológico- é construto racional, consciente, e lá foi colocado para criar a possibilidade de uma revelação fenomênica, pela qual a ordem comum das coisas e da nossa percepção ganham um desdobramento inusitado”

Na minha opinião a exposição de Cohen é interessante pois ela trabalha com elementos que vemos no nosso cotidiano como na nossa casa (como mármore ou madeira) ou supermercados (como sacolas plásticas). O interessante da exposição é que ele pega esses elementos e transforma em obras de arte dando novas dimensões e significados através da junção aleatória desses elementos. Felipe Cohen é um dos artistas que vemos hoje em que apresenta uma nova forma de obra de arte, um novo olhar. Aquilo que ele chama de obra de arte são dimensões trabalhadas de maneiras novas de um certo objeto, o que é interessante pois foge da ideia inicial daquilo que é arte e trabalha outros tipos de criação como artistas dessas obras.






Um pouco sobre o artista que até por acaso descobri que fez graduação em desenho e escultura na FAAP:
Retirado do panfleto da exposição.

"São Paulo, 1976) Graduado em desenho e escultura pela Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo. Em 2001, foi selecionado para o Programa de Exposições do CCSP, o que lhe valeu sua primeira individual. Apresentou outras individuais na Galeria Virgílio, no Centro Universitário Maria Antonia e na Galeria Marília Razuk, todas em São Paulo. Em 2009, teve sua primeira individual no Rio de Janeiro, na Galeria Anita Schwartz. Em 2010, apresentou exposição individual na Feira Internacional de Arte de Madrid, ARCO, sendo um dos artistas convidados para o programa Solo-projects. Entre algumas exposições coletivas de que participou, vale destacar a 8ª Bienal do Mercosul e mostras realizadas no Centro Cultural São Paulo, Instituto Itaú Cultural, Galeria André Viana (Porto, Portugal) e Museum of Contemporary Art (Arizona, EUA). Foi premiado na mostra Fiat Mostra Brasil em 2006. Dois anos depois, foi selecionado como candidato para a bolsa da Fundação Iberê Camargo e recebeu destaque na revista digital da instituição. Em 2009, ganhou o prêmio aquisição Banco Espírito Santo na SP Arte, e seu trabalho passou a integrar a coleção da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Em 2010, teve duas obras adquiridas pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo. Em 2011, foi finalista do Prêmio Marcantonio Villaça e participou da exposição de abertura do Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto. Em 2010 e 2012, foi indicado para o prêmio PIPA."
Serviços: 
Onde? Na Galeria Millan que fica na Fradique Coutinho, 1360 - Vila Madalena

Quanto? De graça.

Quando? 03 de Maio de 2013 até 01 de Junho de 2013
                 De terça a sexta das 10h as 19h e de sabado das 11h até as 18h


Greta Dalla V Rodrigues

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